O perfume na Índia

Os egípcios não eram os únicos que acreditavam que os aromas tinham relação com suas divindades, como você leu aqui. Desde 3.000 a.C. os hindus também fazem esta relação. Também politeístas, eles têm no centro de seu panteão a deusa Shiva, que é louvada com sândalo e jasmim. Renata Ashcar defende em seu livro “Brasilessência – A Cultura do Perfume”, que estas matérias primas são a identidade aromática deste povo.

Além de servir para a fabricação de perfumes e óleos, a nobre madeira do sândalo era também usada na construção de templos (gandhakuti, casas de fragrâncias), mostrando o quanto ela era versátil para os hindus. As estátuas dos deuses eram banhadas com perfumes do próprio sândalo e também de almíscar. Outra utilidade para o sândalo era preparar uma pasta que era usada para fazer o tika (aquele ponto entre a sobrancelha das mulheres, que representa o olhar interior).

Tal como os egípcios, o povo da Índia acreditava que sua devoção e gratidão podia ser transportada para os deuses através de aromas. Esta prática foi trazida pela religião védica, por volta de 1.500 a.C. Em 560 a.C., o budismo chega à Índia e traz, com ele, práticas constantes de banhos e rituais de limpeza e purificação. Estes processos eram finalizados aplicando óleos, pomadas e pós aromáticos no corpo. Os budistas descrevem a jornada para a outra vida como uma passagem pela “montanha fragrante”.

A Índia era, na época, considerada o jardim do mundo, e contava com uma vastíssima variedade de aromas. Sândalo, patchuli, vetiver, nardo, benjoim, agarwood, jasmin e rosas eram encontrados em grande abundância. Até hoje os cheiros têm grande papel na vida dos indianos.

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